segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Desacordo Ortográfico

E também tem o seguinte: continuo me recusando a utilizar o novo acordo ortográfico por uma série de motivos:
  1. Não vi nele nada de realmente inteligente. A língua deve ser inteligente - ou seja, ser instrumentalizada para expressar idéias complexas e idéias simples com a mesma clareza e eficiência. Já em brasileiro temos a perda de importantes elementos que nos facilitariam, que Portugal mantém como por exemplo dizer: Onde estão os livros? Ele mos deu. Esse mos, que aos brasucas soa estranho, torna a mensagem da frase inequívoca. Mas, claro, já não o temos há séculos, deixemos assim. Não é o caso com a palavra tranqüilo. Com a perda do trema, aqueles que não conhecem a palavra passam a falar como os hispano-falantes - não exatamente um ganho para a língua, como é óbvio. A língua escrita tem que facilitar o jogo do entendimento, e não obrigar as pessoas a conhecerem mais palavras de cor. Qualquer um deveria ser capaz de ler, pronunciar e compreender corretamente. Há outros exemplos, como eliminar o hífen das palavras compostas por prefixos em latim e grego, de maneira que as pessoas em pouco tempo vão ser incapazes de constituir significados e/ou criar neologismos interessantes.
  2. Não quero impor meu sotaque a ninguém, nem quero que me façam o mesmo. Assim, idéia não é a mesma coisa que ideia, nem rima com meia. Tanto quanto os "cs" e os "ps" mudos de Portugual servem para abrir-lhes a vogal que vem antes, caso contrário a pronunciariam de forma bem fechada. Para que obrigá-los a se aproximar do sotaque brasileiro?
  3. Sem contar que eu, usuária full-time, não fui consultada!

Mas claro, há um para quê. É a submissão de valores culturais ao valor do mercado - uma das desculpas era a facilitação nas traduções de documentos e livros. Bem fraquinha, por sinal, mas acima de tudo flagrantemente nefasta, uma vez que o português que fala um tuga, um brasuca ou um mwangolé é outra língua mesmo que a escrita seja comum, por se tratarem de povos diferentes, que organizam a língua diferentemente em suas cabeças. E não adianta nos comparar com os hispano-falantes porque, francamente, o que temos em comum com eles? Por que não podemos ficar com o que temos em comum conosco próprios - brasucas com brasucas, tugas com tugas, etc.?

A mim, resta-me entender este movimento como mais um dentre os milhares que tratam, na verdade, de aniquilar-nos a cultura, quase sempre em nome daquilo que não nos forma como pessoa, pois, pessoa é o que, através dessas imposições, vamos deixando cada vez mais de ser. 

Não se pode mais nem escrever em paz!

Feliz 2012!

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

2012

Pessoas, de volta ao blog, refletindo um pouco sobre esse texto que transcrevo abaixo que viaja na internet atribuído à ex-mulher do presidente Chávez.

Impressionante, muito profunda a despedida precoce de Nancy Iriarte Díaz (sua ex-esposa) a Hugo Chávez; que foi publicada em 9 de agosto de 2011 num dos jornais venezuelanos de maior circulação: o “El Universal”.

        Hugo, algumas considerações sobre a tua morte que se aproxima:
          Não quero que partas desta vida sem antes nos despedirmos, porque tens feito um mal imenso a muita gente, tens arruinado famílias inteiras, tens obrigado legiões de compatriotas a emigrar para outras terras, tens enlutado um número incontável de lares, aos que achavas que eram teus inimigos os perseguiste sem quartel, os aprisionaste em cubículos indignos até para animais, os insultaste, os humilhaste, os enganaste, não só porque te achavas poderoso, mas também imortal... Porque o fim dos tempos não te alcançaria.

Mas a tua hora chegou, os prazos se esgotaram, o teu contrato chega ao seu fim, teu "ciclo vital" se apaga pouco a pouco e não da melhor maneira; provavelmente morrerás numa cama, rodeado de tua família, assustada, porque vais ter que prestar contas uma vez que das teu último alento, te vás desta vida cheio de angustia e de medo, lá vão estar os padres a quem perseguiste e insultaste, os representantes dessa Igreja que ultrajaste por prazer, claro que te vão dar a extrema unção e os santos óleos, não uma, mas muitas vezes, mas tu e eles sabem que não servirão para nada, mas só para acalmar o pânico a que está presa a tu alma ante o momento que tudo define.

Morres enfermo, padecendo do despejo, das complicações imunológicas, dos terríveis efeitos secundários das curas que prometeram alongar a tua vida, teus órgãos vão se deteriorando, uma a um, tuas faculdades mentais vão perdendo o brilho que as caracterizava, teus líquidos e fluidos são coletados em bolsas plásticas com esse fedor de morte que tanto te repugna.

Diga-me, neste momento, antes que te apliquem uma nova injeção para acalmar as dores insuportáveis de que padeces, vale a pena que me digas que não te possam tirar a dança – ah! – as viagens pelo mundo, os maravilhosos palácios que te receberam, as paradas militares em tua honra, as limusines, os títulos honoríficos, os pisos dos hotéis cinco estrelas, as faustosas cenas de estado... Diga-me agora que vomitas o mingau de abóbora que as enfermeiras te dão na boca, se era sobre isso que se tratava a vida, pois os brilhos e as lantejoulas já não aprecem nos monitores e máquinas de ressuscitação que te rodeiam, as marchas e os aplausos agora são meros bipes e alarmes dos sensores que regulam teus sinais vitais que se tornam mais débeis.

Podes escutar o povo do teu país lá fora do teu quarto?... Deve ser tua imaginação ou os efeitos da morfina, não estás na tua pátria, estás em outro lado, muito distante, entre gente que não conheces... Sim, estás morrendo em teu próprio exílio, entre um bando de moleques a quem confiou entregar teu próprio país, teus últimos momentos serão passados entre cafetões e vigaristas, entre a tua coorte de aduladores que só te mostram afeto porque lhes davas dinheiro e poder; todos te olham preocupados e com raiva, nunca deixaste que nenhum deles pudesse ter a oportunidade de te suceder; agora os deixas ao desabrigo e teu país à beira de uma guerra civil... Era isso o que querias? Foi essa a tua missão nesta vida? Esquece-te da quantidade de pobres, agora há mais pobres do que quando chegastes ao poder; esquece-te da justiça e da igualdade quando praticamente lhe entregaste o país a uma força estrangeira que agora teremos de desalojar à força e ao custo de mais vidas.

Tenho a leve impressão que agora sabes que te equivocaste; acreditaste num conto de passagem e te julgaste revolucionário, e por ser revolucionário... imortal; convocaste para o teu lado os mortos, teus heróis, esses fantasmas que também julgavas ter vida, Bolívar, Che Guevara, Fidel, e Marx que nunca conheceste e que recomendavas a sua leitura... Andar com mortos te levou à magia e aos babalaôs, te meteste a violar sepulturas, e a fazer oferendas a uma coorte de demônios e espíritos maus que agora te acompanham... Sentes a presença deles no quarto? Estão vindo te cobrar, recolher a única coisa que deverias valorizar em tua vida e que tão sinistramente atiraste na obscuridade e no mal, a tua alma.

Bem, me despeço; só queria que soubesses que passarás para a história do teu país como um traidor e um covarde, por não teres retificado tua conduta quando pudeste e te deixaste levar por tua soberba, por teus ideais equivocados, por tua ideologia sinistra renunciando aos valores mais apreciados, a tua liberdade e a liberdade dos outros, e a liberdade nos torna mais humanos.

"O socialismo só funciona em dois lugares: no céu, onde não precisam dele, e no inferno onde é a regra dos que sofrem".

Nancy Iriarte Díaz

Em primeiro lugar, gostaria de propor algumas comparações que me ajudarão a chegar às conclusões aonde o texto me leva. Quantas pessoas se auto-exilam do Brasil, por exemplo, por falta de oportunidades, por perseguição de algum gênero, por medo da instabilidade econômica. Quantas crianças ainda morrem nos primeiros cinco anos de vida. Quantas morrem nas filas dos hospitais. Quantas não possuem água potável ou saneamento. Quantas são mortas em violência urbana. Quantas no trânsito. Quantas ainda são analfabetas. Mudando um pouco a direção: qual a extensão da terra cultivável e sua contrapartida – quantas pessoas morrem, ainda hoje, neste país, diariamente, de fome.

Não é preciso estar na Venezuela para padecer de males políticos. Não é preciso que o presidente seja o Hugo Chávez. Não é preciso que o sistema de governo seja o socialismo. 

Meu intuito com essas palavras não é diminuir a dor da senhora Nancy, nem glorificar a Venezuela ou o seu presidente, sobre quem temos informações tão truncadas quanto os que pensam que o Brasil é o país do samba e do futebol. No entanto, penso que há uma lição sobre como palavras inflamadas não nos trazem a verdade, mas antes apenas um recorte simplificado de uma situação complexa. Não vejo respostas fiáveis, no texto da senhora Nancy – apenas o desabafo de uma ex-mulher que, se não tivesse por ex-marido um presidente de república, jamais creria serem suas palavras de despedida importantes o suficiente para transitarem pelo mundo afora.

Com isso, não estou menosprezando, tampouco, o esforço da senhora Nancy, talvez até bem intencionada, querendo mostrar ao mundo alguma  suposta "verdade" sobre os acontecimentos no seu país. Estou apenas querendo dizer que é impossível ser justos se não admitimos, em primeiro lugar, a complexidade da vida, inabarcável em sua totalidade, e que, por isso mesmo, exige de nós uma humildade infinita, que também não temos, e não cultivamos porque a tentamos sempre, com mecanismos diversos, simplificar. Não sabemos se o céu ou o inferno existem – e estes são, certamente, mecanismos de simplificação; mas sabemos muito bem que não estamos fazendo agora tudo o que deveríamos para tornar a Terra o planeta que poderia ser – e isto é de uma complexidade tremenda.

E aproveito para deixar um voto de um 2012 entendido, discutido e vivido com mais profundidade, menos rapidez, menos sensacionalismo. Um 2012 onde possamos, cada um de nós, pegar um pouco do mundo da política – o mundo da convivência em comunidade – com as próprias mãos. Onde nos assumamos como os seres políticos que somos, ainda que devagar. Onde ensinemos essa postura a nossos filhos, pois, tomando nas mãos o que é nosso, temos poucos a quem culpar, e apenas a nós mesmos a corrigir.

Feliz 2012.

sábado, 1 de janeiro de 2011

2011

Pessoas queridas:


Feliz Ano Novo! Sejamos todos novos neste ano que começa hoje, com tantas novidades quanto uma presidenta da república, inclusive!


Este blog está destinado à minha produção artística. É possível ir navegando pelas páginas que montei para ver as várias formas dessa produção. Vou acrescentando mais coisa à medida dos seus acontecimentos (talvez, eu diria, meio lentos, ultimamente).


Se quiser saber mais sobre Inteligência Ética ou ler textos relacionados a isso e ao cotidiano através desse olhar, por favor, vá para o blog de Inteligência Ética: http://inteligenciaetica.blogspot.com/


Estamos juntos!


Flavia